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Extração ilegal de madeira cresce 11 vezes em terras indígenas do Pará

Um estudo da Rede Simex, formada por quatro instituições ambientais – Imazon, Idesam, Imaflora e ICV -, revelou que a extração de madeira nos territórios indígenas do estado aumentou de 158 para 1.720 hectares entre 2019 e 2021

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| Foto: Felipe Werneck/Ibama|
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A área de extração ilegal de madeira em territórios indígenas no Pará aumentou 11 vezes em um período de 12 meses.

Nos territórios indígenas do estado, a extração madeireira aumentou de 158 hectares no período de agosto de 2019 a julho de 2020 para 1.720 hectares entre agosto de 2020 e julho de 2021. O número representa uma taxa de quase 1000%.

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Os dados foram divulgados em um levantamento da Rede Simex, formada por quatro instituições ambientais: o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), o Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam), o Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) e o Instituto Centro de Vida (ICV).

A rede também analisou o número de terras indígenas invadidas pela atividade ilegal. Segundo a publicação, cinco territórios tiveram extração madeireira entre agosto de 2020 e julho de 2021.

No relatório anterior, que analisou os anos de 2019 e 2020, apenas a Terra Indígena Baú, no sudeste do Pará, havia sofrido extração madeireira.

Ainda de acordo com os dados do levantamento, Amanayé, localizada no município de Goianésia do Pará, foi o território mais impactado. Entre agosto de 2020 e julho de 2021, 1.255 hectares foram explorados no local, o que corresponde a 73% das terras indígenas do Pará afetadas pela extração ilegal de madeira.

“Embora presente no banco de dados de Terras Indígenas da Fundação Nacional do Índio (Funai), esse território ainda aguarda aprovação, o que o coloca ainda mais em risco”, ressalta o Imazon.

Impacto em Unidades de Conservação

Além de identificar as áreas de terras indígenas, os pesquisadores também analisaram a exploração ilegal de madeira nas unidades de conservação.

Entre 2019 e 2020, a pesquisa não encontrou atividade irregular em áreas maiores que 1 hectare, tamanho a partir do qual a Rede Simex mapeia a extração de madeira. Contudo, entre agosto de 2020 e julho de 2021, foram encontrados 128 hectares com extração não autorizada em unidades de conservação no Pará.

“O aumento da exploração de madeira dentro das terras indígenas e o registro nas unidades de conservação é extremamente preocupante, pois indica que esses territórios – que por lei devem ser protegidos com prioridade – não estão recebendo a atenção necessária para barrar novas invasões”, afirma o pesquisador do Imazon Dalton Cardoso.

Ainda segundo o levantamento, a maior parte da exploração ocorreu na Floresta Nacional do Jamanxim, próximo dos municípios de Itaituba e Novo Progresso. O local teve 56 hectares com registros de exploração madeireira, o que representa 45% da área irregularmente afetada nas unidades de conservação do Pará.

No estado, 41% da atividade madeireira não é autorizada

Segundo o Imazon, ao contrário do desmatamento, que ocorre quando a vegetação é completamente removida para converter o solo para outro uso, como agricultura ou mineração, a extração de madeira envolve a remoção de apenas algumas árvores da floresta.

Com o levantamento, os pesquisadores descobriram ainda que, entre agosto de 2020 e julho de 2021, foram explorados 57.079 hectares no Pará, um aumento de 14% em relação aos 50.139 hectares registrados no período anterior.

Ainda de acordo com a rede, foram 23.390 hectares no estado que tiveram extração sem autorização dos órgãos ambientais, representando 41% da extração total. Os dados indicam que a área total de atividade irregular diminuiu 15% desde o período anterior, quando 27.595 hectares foram explorados sem autorização.

Porém a rede Simex destaca que a extração autorizada, que somava 22.544 hectares no estudo anterior, aumentou 49% entre agosto de 2020 e julho de 2021.

“Essa redução na exploração madeireira não autorizada é positiva, mas ainda precisa melhorar muito. Não podemos ter dois hectares com irregularidades a cada cinco com extração de madeira na Amazônia”, afirma Cardoso.

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